quinta-feira, 28 de outubro de 2010

“Não jogue nada que peixe não coma”

Usado como lixeira, este cesto também
faz parte da cultura dos pescadores.
(Kunimund Krönke Junior)
Em Porto Belo, há pelo menos uma lixeira nos barcos de passeio que passam pelo Araçá. Os tripulantes avisam, antes de o passeio começar, que o lixo deve ser jogado no cesto. “A gente obtêm um resultado muito positivo, porque o turista, ao ver toda a natureza exuberante que nós temos aqui, fica sensibilizado a preservar”, diz Sidney Silva, gerente de uma frota de barcos.

Às vezes nem precisa falar. “O pessoal que vem procurar o nosso passeio é realmente gente que tá procurando praias boas, lugares com beleza natural. [O turista] Já entra no barco, quando tem uma lata, perguntando se tem lixeiro pra jogar...”, diz Cléber dos Santos, presidente da Associação dos Pescadores do Trapiche. “Não jogue nada que peixe não coma”, brinca Marcelo Salles, dono de uma escuna que sai do Araçá. “Não adianta dizer, tem que explicar”, completa. Também se pede para não sentar na borda da escuna e respeitar as normas dos locais visitados.

Uma das empresas consultadas também separa o lixo. “Metal e plástico a gente doa - todo ano a gente escolhe alguém pra doar - e o orgânico vai pro lixo normal”, conta Laerte Jacomel, um dos sócios de uma frota de escunas.


Por enquanto vai para o mar

Banheiro químico (D) e banheiro portátil (E) são alternativas
para não lançar fezes e urina no mar.
(Divulgação/Nautika/AMD Rental Service)
Os donos dos barcos admitem que as descargas vão direto para o mar. O problema não é tão grande porque os passageiros usam pouco. “O banheiro é destinado unicamente ao cara que passou mal, o que acontece muito”, conta Laerte Jacomel, sócio em uma frota de escunas. Também é comum ir urinar. “Fezes, só se for inevitável mesmo. Quem puder segurar, deixa para a hora que chegar na ilha, deixa para ir em terra...”, completa.

Marcelo Salles, sócio em um serviço de passeios de escuna, e Sidney Silva, gerente de uma frota de barcos, têm a intenção de instalar banheiros químicos no futuro. Já Antônio Ricardo Silveira Lima deixou um banheiro portátil em um dos barcos do quais era dono. As duas soluções funcionam de maneira parecida.


Segundo Gabriel Oliveira Afonso, funcionário de uma empresa que aluga banheiros químicos, um produto dentro do bacio retarda a decomposição das fezes e da urina, diminuindo o cheiro, mas não os dissolve totalmente. Por isso, normalmente o material que sobra é levado por um serviço de limpa-fossa para tratamento.

De acordo com Antônio, no banheiro portátil há um produto químico que também dissolve, em parte, fezes e urina. O ex-dono de barco admite que jogava os restos na fossa de uma marina próxima de seu cais. Para a engenheira sanitarista Janete Feijó, o esgoto ‘puro’ deve ser tratado separado do que vem com produto químico.

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